sábado, 4 de outubro de 2008

IC CYBER 2008

Na semana passada o Rio de Janeiro foi palco de uma Conferência Internacional sobre Crimes Cybernéticos, Perícias e Investigações na área de Informática Forense. Estava lotado de Peritos Criminais da nossa PF e também de outras Polícias. Além disso, muitos do setor privado estavam lá, principalmente da área Financeira.

Eu não podia perder essa, e vou tentar fazer um breve resumo dos três dias de conferência:

Primeiro Dia

O evento abriu com uma solenidade (Best Paper Award) e falou também do evento em 2009, que será em Natal.

Em seguida tivemos uma palestra com o Presidente da Microsoft no Brasil e outra sobre a investigação policial em crimes virtuais na Espanha.

A parte da tarde dividia as turmas, e lá estava eu no auditório D com as palestras sobre:
  • WMM: Palestra do Perito Galileu Souza (vencedor do Best Paper), falando sobre a ferramenta de extração de vestígios (artefatos) do Windows Live Messenger.
  • O Perito Breno Rangel exibiu uma metodologia bastante interessante para tratar modificações em arquivos e sua aplicação no combate a pedofilia e a outras formas de crime virtual. A sacada de transformar uma figura em ascii para comparar o conteúdo e não os bits e bytes (que são muito diferentes devido a compactação de jpg, por exemplo) foi genial. Mandei um e-mail para ele, comentando sobre um artigo que escrevi aqui a respeito do ssdeep, ferramenta de fuzzy hash criada pelo Jesse Kornblum, para comparar arquivos desiguais, mas com certo grau de semelhança. Pode ser útil.
  • Daniel Miranda e Leandro Pozzebon mostraram técnicas de OCR e sua utilização na busca de vestígios.
  • Fuga para o auditório C, Palestra do David Petty sobre Ferramentas para Forense e seus desafios. Falou do EnCase quando pode, mas foi boa palestra.

Segundo Dia

Iniciamos o dia com a boa palestra de Jeffrey Hill, do Secret Service Americano, seguido por uma palestra expondo o trabalho da Guarda Civil da Espanha na luta contra os crimes virtuais e uma dupla do FBI (J Burns e Troy Kelly) fechou a manhã com uma palestra sobre análise de malwares.

Após o almoço, eu estive:

  • Análise de Fluxos para coleta de evidências, de um trio de universitários. Paralelamente, peguei um pedaço da palestra sobre vestígios em iPhone e iTouch, do Perito Ivo Peixinho.
  • Guilherme Braz falou sobre um projeto chamado Saint Nicholas, muito interessante, que ajuda no combate a Pedofilia fazendo uma base de hashes, no mesmo estilo que existe na NSRL.
  • Thiago Cavalcante mostrou um estudo de caso de como chegou nos vestígios de um caso. Essa palestra foi uma das melhores, pois ilustrou muito bem o dia a dia de um Perito, buscando pistas e informações, garimpando literalmente o HD.
  • A turma da PF estava com tudo no segundo dia, e fechei com a palestra sobre celulares como prova de crime, da Perita Andréia Stanger.

Terceiro dia

Perdi a primeira palestra - graças ao trânsito ruim que peguei na ida - mas peguei a excelente palestra do Oscar Bermudez, do CSIRT da Colômbia. Depois, tivemos uma também excelente palestra do Marcos Vinícius, Perito da PF que comentou a rotina dos trabalhos e como é a estrutura da nossa PF para o trabalho com Forense.

Uma colocação do Vinícius me chamou a atenção para um ponto. Ainda não temos um nome "oficial". Alguns chamam de Computação Forense, outros de Forense Computacional (como o meu blog), outros de Informática Forense, eDiscovery, Investigação Digital e Perícia Forense Aplicada a Informática. Precisamos resolver isso ...

Na parte da tarde:

  • Curta (para o tema), mas excelente palestra do Cris Ard, da Microsoft, sobre Forense no Vista
  • Gabriel Menezes mostrou a ferramenta MSN Shadow
  • Stephanas e Gilson Silva finalizaram no auditório D o evento com a palestra sobre maneiras de se rastrear acessos a Internet.

O evento foi bom, mas senti falta de maior participação do setor privado. Gostaria de ter visto alguma palestra sobre como o Judiciário tem visto as questões que envolvem prova digital, mas não são crimes. Gostaria de ter visto um estudo de caso de uma investigação no setor privado, algo que mostrasse como foi conduzido e não apenas detalhes técnicos.

Também lamentei a parte das exposições. Não que estivesse ruim, mas é uma triste constatação vermos que só temos um fornecedor de produtos em Forense Computacional exibindo produtos lá. A TechBiz é competentíssima, mas um evento desses nos EUA atrairia muitos expositores ...

Terminei o evento sugerindo que no próximo tragam o Harlan Carvey ou o Jesse Kornblum. AAron Walters também não seria ruim ... Michael Cohen, Brian Carrier, ou outro do Olimpo da Computer Forensics mundial. Temos muito a aprender com esses caras ...

Gostaria de ver comentários de outros participantes, sugestões, etc. Comentem !

Até o próximo post !

Um comentário:

Aderbal Botelho disse...

Maravilha o post, parabéns.